
Andrew Keen, ex-empreendedor de tecnologia do Vale do Silício, Califórnia, não se conforma com o monstro que ajudou a criar. Em seu recente livro, "O culto do amador", Keen lança-se na ingrata missão de atacar a Rede Mundial de Computadores pelo que ela tem de mais positivo: a liberdade. Segundo o autor a Internet promoveu os amadores à condição de donos da verdade, grandes jornais estão em crise diante da proliferação dos blogs - segundo ele um espaço de produzido por gente que a gente nunca sabe direito quem é e, em sua lógica conservadora, sem credibilidade. Keen vai mais longe: diz que o jornalismo mergulhou numa crise histórica e que a culpa é da Internet e de seus usuários (segundo ele se qualquer um pode fazer as vezes de repórter em suas horas vagas a necessidade de existirem jornalistas vai acabar!). É claro que não poderiam faltar os usuais lamentos quanto à degeneração da Indústria Fonográfica frente aos "usurpadores" que compartilham músicas pela Web. O ponto alto desse discurso retrógrado: Keen critica frontalmente a Wikipédia, a enciclopédia aberta que desbancou a Britannica.com, que conta com dezenas de prêmios Nobel no seu quadro de colaboradores e é editada por profissionais. Só faltou mesmo pedir a volta da Monarquia!Nenhuma surpresa já que o subtítulo do livro é "Como blogs, MySpace, YouTube e a pirataria digital estão destruindo nossa economia, cultura e valores". Keen tenta, com seu discurso manjado, igualar igualdade e banalidade - não que o vazio e a futilidade de nossa sociedade não se reflita em incontáveis endereços por aí, mas, só de ter dado voz aos que não tinham vez, a Internet já cumpriu um papel democrático notável. Muito caminho ainda resta até que todos possam ter seus computadores próprios, seus endereços próprios, acessos livre a conteúdos diversos - "bagagem intelectual" pra decidir quais conteúdos merecem ser compartilhado - etc etc etc, mas a revolução deflagrada pela troca de informações via www é irreversível. E aos que ficam lamentando essa nova realidade, só resta chorar, não é mesmo senhor Keen?
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