STRYKE - Virtual Metal Magazine

RADIO A FERRO E FOGO

segunda-feira, 6 de abril de 2009

SER DA NOITE - UMA VIDA EM NOME DO ROCK´N´ROLL




CADA ENTREVISTA UMA SURPRESA. HOJE O "DONO DO BUTECO" CESAR , CRIADOR DO BLOG SERES DA NOITE, CONTRACULTURA VIVA, MENTE ATIVA... LEIAM E COMPROVEM!


Ser da Noite é o fundador de um dos blogs mais competentes da net. Fonte de consulta obrigatória para todos os fãs de boa música. Gostaria que você fizesse uma breve apresentação de quem é o Ser da Noite para a galera do ATITUDE.
Antes de mais nada gostaria de agradecer o convite para esta entrevista e pela palavras de elogio ao Seres da Noite.
O Ser da Noite (fora do universo blog sou conhecido como Cesar Mattei) é atualmente um professor universitário de finanças (nem sempre o fui), de 57 anos - bem vividos, diga-se de passagem - que gosta muito de Rock 'n' Roll, motocicletas (tenho duas; uma Harley-Davidson Night Train e uma Honda Shadow - e nenhum carro!), beber umas cervejinhas, e de um bom papo com os amigos.


Como surgiu a idéia de montar o blog? Como foram surgindo as parcerias?
Há uns três anos, conversando com um aluno sobre CDs de rock que eu tinha em minha coleção, ele me pediu que colocasse alguns álbuns na Web para que ele pudesse baixá-los.
Este aluno me passou uns links de blogs que disponibilizavam mp3 e eu comecei a em interessar por esta coisa de compartilhar músicas. Então abri uma conta no Terra e montei um blog, que resolvi chamar de Seres da Noite - o nome de um grupo de amigos meus, que nos reuníamos com uma certa freqüência, para conversar e ouvir rock.
Nesta época conheci o Edson d'Aquino, e seu blog o Gravetos e Berlotas, e resolvi migrar para o Blogger.
Desde o início, minha intenção era reunir um grupo de pessoas interessadas, como eu, em trocar idéias e arquivos de músicas. Para atingir este objetivo, procurava responder a todos os comentários postados nos blogs, atender aos pedidos dos freqüentadores do SdN e fazer uma postagem por dia, pelo menos. Com isso o número de freqüentadores assíduos foi crescendo e as parcerias aumentando, naturalmente.
O Miguelito foi um dos primeiros a colaborar com um certa freqüência. Minha profissão me toma muito tempo, em períodos de aulas, e começou a ficar difícil fazer postagens diárias. Dai surgiu o convite para o Miguelito se tornar colaborador oficial.
Nesta mesma época, o José Renato também estava enviando uns links muito interessantes e o convite foi estendido a ele.
A inclusão do Celso foi mais difícil. A princípio ele ficou meio relutante mas, depois percebendo meu sufoco, cedeu ao convite. Além destes três, colaboram com freqüência o Omar (todas terças), Yerblues, Oneplusone, Esquadrão SS, Ed, Vicente, Ayres, Duda, Cristiano e outros parceiros administradores de blogs, que sempre atendem aos meus pedidos para postagens especiais: Edson, Marcello Maddy Lee, Dagon, Big Clash, Marcelo Collus, Dudu2 do Vinil, ...
Caraca é muita gente! Até vc entrou nessa, mesmo sem querer, né Paulão? (Com o link do Dick and Mutley).

MARCELO, EDSON E CEZAR
Percebemos que apesar de uma linha de postagem cada integrante da equipe possui uma de preferência. Qual é o estilo que mais lhe agrada e dentro desse estilo qual é sua banda preferida? Quais suas razões para essa escolha?
Esta mistura de estilos é muito legal. Abre várias possibilidades de compartilhamento e para a descoberta de outras vertentes do rock que podemos desconhecer.
Recentemente reformulamos o blog e passamos a adotar posts temáticos. Assim, cada colaborador ficou com um dia para suas postagens, evidenciando esta diversidade de preferências. O Celso Loos, com o Segunda é Dia, o Appetizer do Omar, sai na terça, o José Renato ficou com as quartas e o Miguelito, com o Blues Attack, posta nas sextas, quando a preguiça não bate. Ainda temos o QuintAlive (idéia do José Renato e batizado pelo Miguelito), onde convidamos nosso colaboradores e freqüentadores a indicar álbuns ao vivo para serem postados. Nos fins-de-semana, temos o Boteco do Seres, onde todos postam de uma maneira descontraída, em um clima de boteco. Eventualmente fazemos uma 'Entrega Especial' (idéia do Celso), com a finalidade de atender aos pedidos de nossos freqüentadores e postar links que recebemos.
E eu? Onde fico nesta história? Bom, eu sou o dono daquele boteco. Posto o dia que quero e na hora que achar mais conveniente. Além disto sou responsável pela montagem dos posts de nossos colaboradores não-oficiais, e pelo pagamento (em Kuanzas) de nossos colaboradores oficiais. Ah, também sou responsável em manter o freezer abastecido de cervejas, Pepsi Cuela (para o Miguelito) e Toddynho (para o Edson).
O meu estilo preferido é o rock de forma geral, com concessões para o blues. Minha preferência é para o rock dos anos 60/70s. Me agradam muito o heavy, hard, southern, folk, e o progressivo.
Minha banda de cabeceira são os Rolling Stones. Acho que eles fazem um rock basicão, descomplicado, que atinge vc direto na alma.



Para muitos os anos 60 foram um divisor para o mundo. Em termos musicais como você analisa essa informação. A Contracultura deixou marcas em sua vida (mesmo que não a tenha vivido)?
E foram mesmo. Eu vivi esta época e pude acompanhar as transformações na sociedade provocadas pelos movimentos Beatnick e Hippie. Muitos tabus, como homem usar camisa vermelha e cabelo comprido, mulher fumar em público, caíram graças ao movimento underground. Isto para ficar no superficial.
O movimento contra a guerra do Vietnã e a favor da paz mundial, quando a guerra fria era uma realidade, talvez tenha sido o maior benefício conquistado. Nesta época emergiram grandes cabeças pensantes, como Ghandi, Martin Luther King, John Lenon e Bob Dylan, só para citar alguns.
A música foi desconstruída e reconstruída com o rock. O lançamento de Sgt Peppers, por exemplo, deixou todo mundo chapado, pelo ineditismo de músicas contínuas, sem separação de faixas, letras contundentes - arranjos mais ainda - e uma apresentação gráfica chocante. Além dos Beatles, surgiram bandas com propostas completamente diferentes do que se tinha até então: Led Zeppelin, Rolling Stones, Deep Purple, Jimi Hendrix Experience, The Who... (esta lista não tem fim).
A contracultura me chamou atenção para que vc deve deixar sua personalidade lhe conduzir e não ligar muito para as regras da sociedade, pois elas mudam. É só uma questão de tempo.

Pensando nessas colocações, você acha correto dizer que o mundo passou a ter uma nova moral pós-geração Woodstock?
Sem dúvida alguma. O Woodstock foi um marco da contracultura. Reunir 400.000 pessoas, a maioria de jovens, sob o a bandeira de Paz e Amor, deixou a sociedade boquiaberta. As idéias expostas ali ganharam repercussão mundial e fizeram com que os governantes repensassem seus posicionamentos.
Recentemente você postou um disco do Blue Cheer e comentou sobre apresentações esporádicas realizadas pela banda. Dia 20 aqui na Região de Ribeirão Preto haverá uma apresentação com membros do The Doors. Como você enxerga esse retorno de bandas que foram ícones no passado?
O Blue Cheer foi um link enviado por nosso camarada Vicente que não pensei duas vezes para postá-lo.
The Doors, fazem parte da história do rock. São ícones do rock, sem exagero. Devemos, portanto, no mínimo, respeitá-los. Quiçá (onde fui arranjar esta palavra? Pega o Aurélio aí, rapidinho.) reverenciá-los. O público destes shows, que alguns costumam denominar dinossauros do rock (que discordo), recebe uma aula de rock. Estas bandas são como alguns vinhos: quanto mais velhos, melhores.
Dia 20 será feriado aqui no Rio e The Dorrs é um excelente motivo para pegar uma estrada. Pensarei seriamente na possibilidade.
Sobre esse show é importante você saber que ele será realizado no Centro de Eventos Taiwan. As portas serão abertas às 21h e inicio do show está previsto para as 23h. É na véspera do Heavy Metal Asilo que iremos realizar aqui em Bebedouro, não quer aproveitar e conhecer a galera Atitude, estamos a 1 hora de Ribeirão Preto?
Obrigado pelas informações. Se eu conseguir viabilizar esta viagem, com certeza vou dar um pulinho aí para conhecê-los e assistir aos shows. Será um prazer enorme.


Ainda sobre suas postagens, Iggy Pop foi uma que me chamou a atenção. Me fez buscar os velhos vinis e recordar canções que estavam adormecidas. Considero Iggy Pop um dos construtores da música contemporânea estando muito a frente de seu tempo. Você partilha dessa idéia ou tem posição diferente?
Outra postagem com o link de um colaborador, o Yerblues.
Só posso concordar com vc, o Iggy Pop sempre esteve à frente de seu tempo. Tive a oportunidade de assistir a um show dele, há alguns (muitos) anos, no Maracanãzinho, que considero um dos melhores que já pude presenciar. O que me deixou surpreso foi o número de cabeças presentes: umas 200 ou 300, no máximo. As músicas dele não eram muito divulgadas aqui no Brasil e o show dele passou batido. Uma pena.
Houve um momento, em que ele deixou o palco, para cantar entre a galera. O povo, meio que 'indignado', pegou o cara e, praticamente, jogou-o de volta ao palco. Tipo: junto com a galera só uns poucos vão poder vê-lo. Volta para o palco para todo mundo poder ver o show.
E o rock dos anos 70? Como você analisa os diferentes estilos que formavam o movimento em especial o Hard Rock e o Rock Progressivo?
Os anos 70 são imbatíveis. E isto é um consenso que se pode constatar facilmente lendo os comentários do SdN.
Ouvi muito progressivo, no início dos anos 70, por conta de uns amigos de faculdade, que só ouviam prog. Eu já tinha vários álbuns do Pink Floyd, Genesis, Yes (até hoje meus preferidos), ELP, Jethro Tull, King Crimson, Triumvirat e outras. Mas estes meus colegas me apresentaram ao progressivo italiano, principalmente, como: Le Orme, PFM, BMS, Locanda delle Fate... Mas a fila anda e, atualmente, só consigo ouvir os clássicos do gênero e tenho pouca disposição para testar bandas desconhecidas.
Para o Hard, ao contrário, tenho mais disposição para ouvir o novo. Há excelentes bandas desta vertente, mas tenho ouvido direto o AC/DC. Eles são meio Rolling Stones, no que diz respeito à simplicidade. Thunderstruck é um exemplo. A música toda tem um pouco mais de 4 mim. Até sua metade, + ou -, se resume a três riffs de guitarra, que se repetem, um baixo e uma bateria de marcação, com poucas viradas. Mas é uma música que funciona, me empolga e que não consigo ouvir só uma vez.
Com certeza você esteve no show dos Stones, qual a sensação de ver tantas pessoas de tão diferentes credos curtindo sua banda do coração?
É claro que fui a todos os shows deles aqui no Rio. Em todos eles fiquei extasiado com o profissionalismo e organização do show. Mais ainda com a diversidade do público, principalmente o da Praia de Copacabana. Mas o rock tem este poder de reunir pessoas dos mais diversos credos, como vc disse.



Ainda sobre os anos 70, como você vê a relação entre as bandas brasileiras daquele período e o contexto político marcado pela ditadura? Para você, qual banda ou artista brasileiro representa o rock brasileiro daquela época?
Ao contrário do que aconteceu no resto do mundo, os anos 70s no Brasil não produziram grandes bandas, com certeza pela própria Ditadura, com a censura rígida das letras das músicas e mesmo da postura em palco. Mesmo assim posso citar o Som Imaginário, Joelho de Porco, Bacamarte, O Terço, e Sagrado Coração da Terra.
Se voltarmos um pouquinho no tempo, lá pelo fim dos anos 60, encontramos Os Novos Baianos que, embora fizessem um rock fortemente influenciado por ritmos bazucas, foram os que mais apareceram na mídia durante a década de 70, e puderam colocar suas idéias contundentes. Os caras viviam juntos em uma comunidade hippie e chocavam a sociedade 'comportada'. Então, são eles.

Na sua citação não aparece Raul Seixas, nem ele se enquadraria como um modelo de resistência?
É verdade, fiquei concentrado nas bandas e acabei me esquecendo do maior símbolo da contracultura brasileira. Ele e seu parceiro, Paulo Coelho, eram contundentes e as músicas deles continuam atuais.



Os Seres da Noite além de excelentes postagens traz momentos de grande irreverência como pode ser comprovado na entrevista do Miguelito. E você, teria alguma história para partilhar com a galera?
Estávamos um colega, Arthur, e eu assistindo a um show do Eric Clapton, na Praça da Apoteose, aqui no Rio. Havíamos comprado uma tira de tickets de chopp, mas o calor era muito, a sede grande e os tickets ficaram reduzidos a dois. Até então cada um ia pegar o chopp alternadamente mas, desta vez, resolvemos ir os dois, pois cada um ficaria em uma fila diferente: eu na do chopp e ele na de tickets. Chegando na barraquinha de chopp vi a maior ‘cabeçada’, numa briga enorme para pegar o chopp. Não conversei e gritei: ATENÇÃO, FISCALIZAÇÃO... A galera olhou para mim, viu o coroa aqui e abriu um espaço enorme (a maioria devia ser ‘di menor’). Cheguei perto do balcão e pedi os dois chopps. A galera, indignada, tentou reclamar e eu rapidinho respondi: - Estou aqui para fiscalizar a temperatura do chopp. Com licença. E saí de
fininho...
Pode ser outra rapidinha? Este mesmo colega, em outro show que fomos juntos, na mesma Apoteose, escondeu uma garrafinha de uisque na cintura, acima da bunda. Na revista que fazem nas roletas de entrada, o agente de segurança foi apalpando (!!!) a cintura dele, encontrou a tal da garrafa e fez uma cara de "te peguei!". Ele não se abalou, virou-se para o cara e mandou na lata um "ACHOU!!! O cara se escangalhou de rir e deixou ele entrar com a garrafa.

Diz o ditado; roqueiro brasileiro tem cara de bandido! rsrsrs. Você sofreu alguma discriminação por sua escolha musical?
Nos anos 70s a 'puliça' não podia me ver, com cabelos quase na cintura, tênis, calça jeans e camiseta surradas, e uma bolsa de pano, que me parava para pedir 'us ducumento'.
Hoje, como um senhor responsável que sou, com mulher e filho, cortei o cabelo, troquei os tênis por um par de botas e a bolsa por uma mochila, por conta da motocicleta,
fiz umas tatuagens, e continuo sendo parado do mesmo jeito, principalmente em blitz de trânsito. Não mudou nada.



Qual disco marca seu batismo no mundo rock? Passado tantos anos você ainda o escuta com o mesmo tesão?
Olha o disco que me deu um porradão no cérebro e me fez despertar para o rock foi o "Are You Experienced" do Jimi Hendrix. Até então gostava de rock, mas era uma coisa para trilha musical dos "arrastas", como chamávamos as festas naqueles tempos. Não me envolvia muito, não discutia sobre as bandas, estilos, etc. Mas com o Hendrix fiquei fissurado neste tal de R 'n' R.
O tesão continua o mesmo daquela época quando escuto, não só o Hendrix, como qualquer outro rock de qualidade.

Sobre Hendrix, Janis e Morrison, existem muitos livros que tratam de uma conspiração para matá-los. Como você analisa essa idéia: algo provável ou criação de quem vê ets?
Acho que está mais para criação de quem vê ETs. Estas teorias da conspiração são freqüentes e recorrentes. Agora mesmo surgiu uma com o Prêmio Dardos. Eu sou mais lite e evito ficar procurando chifres em cabeça de burro.

E sua família? Apoia seus projetos blogueiros e atitudes relacionadas a ele?
Minha mulher convive comigo há mais de 30 anos (só de casados temos 28 anos) e já se acostumou com minhas manias de ouvir rock em volumes além do admissível; passar horas no PC, pesquisando e montando os posts; sair para encontrar meus companheiros motociclistas, e não raro chegar de boreste...
Meu filho (que tem 26 anos) é muito na dele e é um amigão. O cara é um surfista, quase artista, do bem.
Resumindo, eles me dão o morrapoio.


Gostaria que você fizesse um exercício diferente: indicar os cinco piores discos que você já ouviu rsrsrsr. Um deles será postado. Faça essa cruel escolha.
Esta foi crudelíssima. Só vale rock? Ou pode ser Pop Rock? OK. Os discos eu não vou me lembrar quais foram especificamente, mas posso relacionar as bandas. A-ha, Massacration, Genesis com Phil Collins (este cara conseguiu estragar uma pusta banda), David Bowie (este vai sair pancadaria, mas fiquei com implicância dele depois de um show na Apoteose que ele cantou, grande parte do tempo, de costas para a platéia) e, é claro, Miguel Aceves Mejía (representante do Trash Mexican Regional. Com a palavra a defesa: Miguelito, El Gran Chihuahua). O link para o ‘Memorial Beach’, do A-Ha, com a capa e tudo, é este aqui: http://rapidshare.com/files/217884647/1993_-_Memorial_Beach.rar.
PUTZ, VOCÊ FOI PERVERSO , PIOR QUE ISSO SÓ O FRANQUITO LOPES QUE POSTEI NO ATITUDE A-HA A-HA A-HA...
O que o Blues representa para você? E o Blues brasileiro? Quem você indicaria como destaque?
O Blues e o Blues Rock são outro lance. Uma música para curtir com calma e na tranqüilidade, de preferência acompanhado de um charuto e uma dose generosa de uísque (cowboy, é claro).
No Brasil temos algumas bandas que fazem um som, no mínimo, honesto. Neste rol estão o Celso Blues Boy (que já vi tocando na Lucille do B.B. King), André Christovam, Big Gilson, Big Allambik e Blues Etílicos.
Lá fora, B.B. King, Eric Clapton, Stevie Ray Vaughan, JJ Cale, Johnny Winter, Albert Collins, Buddy Guy, John Lee Hooker, Muddy Waters; só para ficar nos mais manjados.

Como você analisa essa iniciativa da equipe ATITUDE de apresentar ao mundo da net quem faz o movimento blogueiro? E a polêmica sobre se download sem fim lucrativo pode ser enquadrado como pirataria? O que podemos fazer para quebrar essa mentalidade?
Acho uma iniciativa sensacional. Os freqüentadores dos blogs, e ai me incluo, ficam curiosos em conhecer as pessoas que estão compartilhando arquivos com eles. Quem são estes malucos que, do nada, se dão ao trabalho de levantar estes links e disponibilizá-los. Qual a motivação deles? Como eles começaram com esta história? Acho que entrevistando os bloggers o Atitude Underground, faz um grande trabalho de divulgação deste nosso mundo e, talvez, incentive outras pessoas a embarcar nesta viagem.
Quanto a dita pirataria, compartilho com a opinião da grande maioria dos bloggers: se eu comprei um disco, ele é meu e posso compartilhá-lo com meus amigos. Não importa a quantidade deles. No meu caso tenho muitos que vêm me visistar, virtualmente, todos os dias no SdN e no Collective Collection. Se não for assim eu não posso sair na rua levando meus cds para ouvi-los na casa do Edson, por exemplo. A indústria fonográfica, que é uma cafetina de artistas, não se tocou ainda que os tempos são outros, que já passou a época do lucro fácil, e que ela deve repensar o relacionamento com o consumidor. Os seus 'clientes' mudaram. Eles não estão mais dispostos a pagar um dinheirão em um CD que, na maioria das vezes, eles nem podem escutar, pois estão lacrados.
Os artistas, por outro lado, estão percebendo que em um único show eles faturam mais do que a venda anual de seus CDs. Mas as pessoas só pagam para ir a um show se gostarem das músicas que serão tocadas. E elas só podem fazer esta avaliação se ouvirem as músicas. Daí, links, blogs, downloads, sacaram?
Para quebrarmos esta mentalidade, devemos perseverar. Se nos deletam o link, levantamos outro. Se deletam nosso post, postamos outro. Se tiram nosso blog do ar, colocamos outro no lugar.
Sobre essa questão gostaria de mencionar a heróica resistência da equipe ou pessoa que comanda o Chris Goes Rock que foi retirada do ar. Você acompanhou esse processo?
Acompanhei, como a maioria dos bloggers. É uma verdadeira patrulha ideológica. Uma caça às bruxas, mesmo. Mas o que fazer? Montar outro blog, e mais outro, e outro mais, para mostrar que temos um ideal e não desistimos facilmente.
Você ainda vê atitude no rock? Alguma banda recente lhe fez sentir o mesmo sentimento de ouvir as bandas dos anos 60/70?
Ainda vejo. Basta andar com caras como o Edson, Miguelito, Marcello Maddy Lee, Arthur (o da história do show), ou conviver com o pessoal do blog.
Algumas bandas formadas recentemente conseguiram captar este espírito, como os Black Crowes (tá certo, os caras tem mais de 20 anos de estrada), Down by Law, Dream Theater, Kings of Leon, BRMC.. Eles têm feito o dever de casa direitinho.
Como você vê o intercâmbio entre os blogs, inclusive com trocas de links e matérias?
Acho que, se nosso objetivo é realmente compartilhar música, deixando a
vaidade de lado, não há nada demais em se utilizar o link de outro blog, desde que se façam os devidos créditos. No SdN temos a politica de usar links próprios, para manter os álbuns ativos na rede. Eu explico: se um mesmo link for utilizado em vários blogs, quando ele expirar, desaparece de todos os blos ao mesmo tempo. Já se o link for duplicado, quando um deles expirar, sempre haverá a possibilidade de download em outro blog.
Os blogger têm que entender que este negócio de meu blog tem mais hits que o do outro, que meu link do álbum tal tem mais downloads do que o do outro, é pura babaquice. Temos que nos tocar que fazemos um trabalho de divulgação cultural muito importante, que somos poucos com esta disposição e que os tubarões da indústria fonográfica estão desesperados e dispostos a tudo. Jogo baixo, mesmo. Temos mais que nos unir.

Fico feliz com essa opinião, creio que vaidade não cabe no universo blogueiro, apesar dos blogs partirem de gostos pessoais, eles só fazem sentido enquanto construção coletiva concorda?
Sem dúvida. A diversidade é interessante. Como podemos formar opinião se o acesso à informação é difícil ou não existe? Acho que a colaboração, de uma forma geral, e especificamente nos blogs, ajuda a abrir novas portas e descobrir novos horizontes. Descobri muitas bandas incríveis a partir de links mandados por colaboradores do blog. No dia que os bloggers passarem a agir como uma cooperativa, com um ajudando o outro, nossa batalha estará vencida.


Tem assistido a algum show nos últimos tempos? Fiz essa pergunta a outros amigos: se pudesse retornar no tempo e assistir a um concerto, qual seria sua escolha?
Menos do que gostaria em conseqüência da minha atividade profissional.
Aulas à noite inviabilizam minhas idas aos shows. O último que assisti foi o do Queen + Paul Rodgers. Sensacional! Aquela coisa de anos de estrada, experiência...
Se pudesse retornar no tempo para assistir um show seria o Woodstock. Se fosse para rever algum show, seria o do Bob Dylan, no Imperator. Um dos melhores que já vi. Um palco com uma parede de Marshalls, sem efeitos de luz (o tempo todo com as luzes normais acesas) e os caras mandando ver. E o Dylan em grande estilo, gostando do que fazia. Inesquecível.
Jimi Hendrix, Eric Clapton ou Jeff Beck? Você colocaria esses três como os maiores guitarristas ou faria outras escolhas?
Sem dúvida alguma. Cada um no seu estilo, mas inegavelmente grandes guitarristas. Só esticaria a lista para os cinco melhores, acrescentando o Keith Richard (sobre este o Edson vai escrever cinco laudas para desancá-lo) e o Jimmi Page.




Agora uma pergunta sobre política: Obama disse que o Lula é o cara? Como ex-militante do PT por mais de 20 anos e crítico de seu governo... mas e você? Como avalia esse governo e a cena política brasileira em geral?
Não gosto do governo Lula. Muito populista para o meu gosto. Não que eu ache que as classes menos privilegiadas não possam ter chances de ascensão. Mas não é distribuindo Bolsa Família que vamos resolver esta situação. O povo precisa, primeiro, de educação de qualidade. Depois, de um sistema de saúde descente, e voltado para a prevenção. Por fim, direito de acesso ao mercado de trabalho formal. E qual o esforço do governo neste sentido? Nenhum.
Os governantes brasileiros, e aí incluo os senadores, deputados e membros do poder judiciário, estão voltados para sí próprios. O povo está em segundo plano. Primeiro o deles, depois o povo. É só ler os jornais para constatar os desmandos desta corja.
O Obama quis fazer uma média com a galera. Sabe como é, o cara está chegando agora no grupo e faz o que? Puxa o saco daqueles mais antigos. E o Lula é um deles.
Ai o Lula se empolga e vai dar entrevista dizendo que o Brasil vai emprestar dinheiro para o FMI! Até parece que os problemas sociais no Brasil estão todos resolvidos, para nos darmos ao luxo de emprestarmos dinheiro para quem quer que seja. Fala sério!
Ainda falando de ações políticas, em sua opinião o Rio de Janeiro já possui efetivamente um governo paralelo?
Há muito tempo. A partir da proibição da policia subir os morros, no governo Brizola, o tráfico praticamente tomou conta da cidade. Reverter esta situação agora é dificílimo e demanda um investimento muito grande. É uma pena, pois o Rio é uma cidade que tem tudo para explorar o turismo como fonte de receita.


Agora uma missão: pediria que mandasse um link de um disco para ser postado junto a essa entrevista. Não poder ser disco já postado no Seres da Noite ok (queremos novidades kákáká). Brincadeira, fique livre para postar o disco que desejar.
Então vamos combinar: como eu já coloquei o link para o álbum do A-Ha aqui (rs), vou disponibilizar um link do rip da trilha sonora de um DVD que o Celso postou lá no SdN, há uns seis meses. O link é este: http://sharebee.com/822339cd; e o DVD é o do Sound Stage Presents Robert Plant and The Strange Sensation, de 2006, Como não sou muito ligado em DVD, não o conhecia, e este me surpreendeu, pelos arranjos que o Robert Plant fez de clássicos do Led Zeppelin. Frequentadores do Atitude Undeground: façam o download e divirtam-se.





Muita gente tem entrado no universo dos blogs. Qual seu conselho para quem está iniciando esse trabalho agora?
Paciência e atitude (sem trocadilho). Os blogs demoram a acontecer. É um trabalho de formiguinha. Mas ver seu trabalho reconhecido e, principalmente, as amizades que ele nos traz, é alguma coisa de qualquer coisa, incomensurável. Como toda atividade, se vc se isolar não vai conseguir muita coisa. Cultive seus parceiros e lembre-se que vc é responsável pelas pessoas que cativa. Dar atenção aos freqüentadores de seu blog e tratá-los com educação, são atitudes primordiais. O resto, o tempo se encarrega.

Você mantém coleção de vinil? O que acha do retorno de sua produção?
Não tenho mais nenhum vinil por pura falta de espaço para guardá-los. Cheguei a ter mais de 1.500 álbuns, mas começaram a mofar por falta de uso e passei-os para frente, sem arrependimento. A mesma coisa está acontecendo com meus cds. A praticidade do mp3 fez com que eu meio que abandonasse meus cds. Não os abandonei de todo, pois ainda tenho comprado alguns cds de álbuns que ouço em mp3 e se destacam.
Gosto muito de ouvir música quando estou indo ou voltando da faculdade, sempre de motocicleta. O mp3 é a mídia ideal para isto.
É claro que tomo minhas precauções para não perder meus arqs de mp3, fazendo backups frequentes em um hd externo. Mas respeito aquelas pessoas que ainda curtem um vinil. E para elas, o retorno de sua produção é o paraíso.


Esse lance de arquivo em mp3 é muito louco. Eu criei um hábito de a cada 30 discos montar um dvd de dados. Ai numero e incluo num catálogo, mas a coisa cresce demais... hoje deve ter uns 40.000 títulos salvos rsrsrsr. Qual será o futuro disso tudo?
Eu tenho quase um terabyte de HD instalado em meu PC. A metade reservada para arquivos mp3 e seus backups. Mesmo assim o espaço ocupado por esta mídia é muito menor que os metros de prateleiras que uso para guardar meus CDs.
Creio que em um futuro próximo as mídias acabarão. Nossos arquivos, de softwares, vídeo, música, etc. ficarão gravados em HDs virtuais. Eu não me incomodaria em pagar uma mensalidade para guardá-los com segurança em um host.

Cara, foi um enorme prazer poder conhecer um pouco de sua história. Fique livre para suas palavras finais, mas antes a pergunta que não se cala e que ninguém que passa por aqui escapa: DEUS SALVA E O ROCK ALIVIA? Um abraço! em tempo: grato por postar o Dick & Mutley ok.
Eu não sou nem um pouco religioso, mas acho que o rock é um 'santo' remédio. Nada melhor para vc se desligar, por uns momentos, de seus problemas. E quem não os têm?
Foi um prazer inenarrável poder conceder esta entrevista para o Atitude Underground. Só posso lhe desejar sucesso.Torço por isso, pode ter certeza.
Em tempo: O post do Dick & Mutley veio bem ao encontro do espírito do Boteco do Seres, com posts descontraídos.
[ ]s a todos.
CESAR VALEU MESMO! CREIO QUE TODOS OS QUE LEREM ESSA ENTREVISTA FICARAM AINDA MAIS MOTIVADOS A VIVER DE FORMA ALTERNATIVA E A CRER NA POSSIBILIDADE DE SE MANTER "JOVEM" E NA ESTRADA DO ROCK´N´ROLL!
UM ABRAÇO E ESPERO ENCONTRÁ-LO DIA 21 POR AQUI.

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