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RADIO A FERRO E FOGO

sexta-feira, 19 de junho de 2009

JIMI HENDRIX - UMA HISTÓRIA QUE NÃO PODEMOS ESQUECER!!



"JOHNNY ALLEN HENDRIX/JAMES MARSHAW HENDRIX/JIMI HENDRIX" (27.11.42/18.09.70)



Se alguém lhe perguntasse, "qual é o melhor e mais famoso guitarrista de Seattle?", o que você responderia? Kurt Cobain? Tá brincando!! Na verdade ele era negro, ficou famoso primeiro na Inglaterra para depois ser reconhecido em seu país, Estados Unidos da América e, morreu precocemente no auge de uma carreira de menos de cinco anos. Deixou um legado de mais de 800 horas de gravações que talvez nunca sejam divulgadas. Mudou completamente o conceito de como tocar uma guitarra. Foi também o pioneiro na utilização de efeitos como distorção, que arrancava de velhos amplificadores saturados no talo. Ajudou/inspirou fabricantes a criar pedais de efeitos na forma que conhecemos hoje. Aquele de quem estamos falando nasceu Johnny Allen Hendrix, no dia 27 de Novembro de 1942 às 22:15 no King County Hospital, em Seattle. O pai, James "Al" Hendrix, tempos depois mudaria o seu nome para James Marshall Hendrix. Marcaria o mundo a ferro e fogo, porem, simplesmente como JIMI HENDRIX.


Segundo relatos de familiares, Jimi sempre gostou de música. Nunca leu nem escreveu partituras. Sua técnica era ouvir e aprender com mestres como Buddy Holly e Robert Johnson entre outras feras. Em 1958 forma a sua primeira banda, "The Velvetones", com duração de poucos meses. No verão do próximo ano com a sua primeira guitarra elétrica comprada pelo pai, uma Supro Ozark 1560S, começa a tocar com "The Rocking Kings". Nos anos 61 e 62 , período em que esteve alistado na aeronáutica até ser afastado devido a um ferimento num salto de pára-quedas forma "The King Casuals" com o baixista Billy Cox. Como Jimmy James, acompanharia artistas como Little Richard, entre outros.


Aparentemente, os primeiros registros sonoros de Jimi Hendrix são da época em que ele era integrante da banda de uma cidadão chamado Curtis Knight. Um disco lançado no Brasil em 1972 pela antiga gravadora Top Tape, "JIMI HENDRIX - IN THE BEGINNING", trás um texto dizendo ser esse álbum da fase pré "JIMI HENDRIX EXPERIENCE"..Esse material é de 1966 e nenhuma das seis músicas desse disco foram compostas por Jimi Hendrix, sendo uma delas "The house of rising sun", música que foi um grande sucesso com o grupo "The Animals", na voz poderosa de Eric Burdon


Depois de um tempo acompanhando Little Richard, forma "The Jimmy James and the Blue Flames". É lícito dizer que Jimi Hendrix começou a ser descoberto para o mundo em 1966 ,em Nova York, durante uma apresentação em Greenwich Village, a grosso modo, uma espécie de bairro do Bexiga (São Paulo) antes da decadência, num lugar chamado "Café Wha?". Entre os frequentadores , naquele memorável dia, estava Chas Chandler, baixista do The Animals que, visualizou em Hendrix o grande potencial que ele realmente tinha. Hendrix então, viajou com Chandler para a Inglaterra onde, com Noel Redding no baixo e Mitch Mitchell na bateria, formaríam o legendário "THE JIMI HENDRIX EXPERIENCE".


O cenário POP Britânico naquele distante 1966, era extremamente dinâmico. O primeiro grande sucesso da banda na Inglaterra foi "Hey Joe". Em 1967 a banda grava dois álbuns: "Are You Experienced?" e "Axis: Bold As Love". Faz duas grandes turnês Européias e também uma como banda de apoio dos horríveis Monkees, banda com "músicos" que no início, nem sabiam tocar e, em apresentações ao vivo, dublavam os verdadeiro músicos que tocavam escondidos atrás das cortinas. Detonam em Junho de 67 no "The Monterey Pop Festival", onde um Hendrix ensandecido incendeia literalmente a guitarra frente a um público ainda mais ensandecido. É interessante ressaltar a grande diferença entre o significado da palavra POP (popular) ontem e hoje. No Monterey se apresentaram também, entre muitos, Janis Joplin e The Who. Hendrix, Janis e The Who, eram POP!! E, o que é POP hoje? É melhor nem responder! Fariam também em 67 cinco sessões na Rádio BBC de Londres. Parte desses registros podem ser ouvidos no álbum "The Jimi Hendrix Experience Radio One", com 17 faixas incluindo uma versão de "Day Tripper" dos Beatles.

Da chamada discografia oficial, alem dos dois citados acima, Jimi Hendrix gravaria com Noel Redding e Mitch Mitchell o álbum duplo "Eletric Ladyland" com 16 faixas, incluindo clássicos como "Voodoo Chile", "Burning of the Midnight Lamp" e "All Along the Watchtower" de Bob Dylan. A produção e a direção é do próprio Hendrix. A capa é polêmica: 19 mulheres nuas, algumas segurando álbuns anteriores da banda. Esse trabalho é de 68. O sucesso e o reconhecimento alem das fronteiras de vários países não foram suficientes para manter os três membros da banda juntos. Um concerto no dia 24 de Maio de 1969 no "International Sports Arena", em San Diego, Califórnia , sinalizava que a banda estava próxima do fim, o que aconteceria no mês seguinte, após a apresentação do Experience em Denver, Colorado, onde foi gravado a última apresentação da formação original do "Jimi Hendrix Experience". Dessa ainda chamada discografia oficial, Hendrix gravaria com "The Band of Gypsys" (com Billy Cox no baixo e Buddy Miles nas baquetas) um álbum com o mesmo nome. Em Agosto de 69, antes da formação do "The Band of Gypsys", com o nome de "Gypsy Sun & Rainbows", com Mitch Mitchell, Billy Cox, Juma Sultan e Jerry Velez, se apresentaria no fantástico "The Woodstock Music & Art Fair", festival que resultou num documentário e álbuns ao vivo, onde está registrada a estraçalhante versão do Hino Americano executada por Jimi e sua Guitarra.

Hendrix retornaria com "The Jimi Hendrix Experience" sem o Noel Redding, substituido por Billy Cox, amigo pessoal , ex-baixista do Band of Gypsys entre outras atividades com o velho amigo. Duas faixas gravadas ao vivo com a nova formação podem ser ouvidas no álbum "The Jimi Hendrix Concerts". São elas, "Red House", gravada no dia 17 de Julho de 1970 em Nova York e "Hey Joe", gravada no dia 30 de maio de 1970 na California. Hendrix era um maníaco por gravações. Essa condição é facilmente explicável , como já foi citado, por ele não ler nem escrever partituras. Uma melodia, um "riff" novo, idéias novas, fatos comuns numa mente em constante ebulição/erupção criativa , eram gravados, não importando o local (Jimi Hendrix sempre carregava pequenas unidades de gravação). Estivesse num hotel, numa "Jam" com amigos, apresentações ao vivo, Jimi simplesmente registrava tudo em fita magnética . Dentro desse contexto, seu maior desejo era um estúdio de gravação construído nos seus moldes e necessidades .Esse desejo se materializou, muito embora meio incompleto, em Maio de 1970 no "Eletric Lady Studios", em Greenwich Village, o mesmo bairro que assistiu ao nascimento do mito, onde em meio a obras a serem finalizadas, Hendrix, Billy cox e Mitch Mitchel gravaram as faixas do que deveria ter sido um álbum duplo com o nome "First Rays of the New Rising Sun"



A MORTE DO GÊNIO



A sombra da morte sempre pairou sobre o show business. Uma sombra aditivada por drogas. Muitas drogas. Essa sombra se manifestou de forma dantesca no dia 18 de Setembro de 1970 no apartamento de Monika Danneman, namorada de Jimi Hendrix. Hendrix voltou para esse apartamento na manhã desse dia, onde depois de comer um lanche e escrever um poema, que seria apresentado por Eric Burdon do The Animals, já citado, frente às câmeras da BBC de Londres como uma nota de suicídio, tomou vários comprimidos para dormir de nome Quinalbarbitone . Dormiu. Quais serão os sonhos de um homem na sua última noite? Muitas pessoas sonham com a morte e acordam aliviadas. E quando o sonho é verdadeiro e não existe um dia seguinte?
Hendrix foi encontrado morto afogado no próprio vômito causado pelo consumo excessivo do maldito comprimido. O ultimo texto de nome "A História da Vida" falava de como a vida é mais rápida do que um piscar de olhos enquanto a do amor é um alô e até logo, até um próximo encontro. Eric Burdon mais tarde discordaria de suas próprias declarações de que o texto era uma nota de suicídio uma vez que vários textos de Hendrix sempre abordaram a temática vida/amor/morte . Hendrix experimentava uma nova fase de criatividade com estúdio novo, álbum novo, milhares de planos. Um homem que vive a vida nessa intensidade não pode pensar em suicídio. Não é lógico ,muito embora, nem sempre o cérebro funcione seguindo padrões ditos lógicos. Talvez praticasse uma espécie de autodestruição não concebida. O usuário de determinadas substâncias sabe do mal que elas produzem mas não acredita que um dia, alguma delas, poderá causar a sua morte.
A HERANÇA
A palavra herança remete a uma ampla gama de possibilidades. A primeira com certeza é a do modelo, a do exemplo deixado pelo criador, inspirando vários artistas com estilo e criatividade próprias mas, com características marcantes da matriz inspiradora. Vários guitarristas foram e são influenciados pelo grande Jimi Hendrix. O magnífico e também falecido Steve Ray Voughan , talvez seja o maior representante dessa linhagem de guitarristas influenciados pelo mestre. É impossível encontrar um grupo de Hard Rock, Blues, etc., que não tenha no repertório, banda de "covers" ou não, uma música de Jimi Hendrix..


Incontáveis são também os guitarristas que declaradamente despertaram para esse fantástico instrumento de possibilidades infinitas, depois de ouvir "Purple Haze", "Little Wing", ou qualquer outra obra prima dessa herança infinita. Herança, infelizmente, também significa cobiça, mesquinharia, oportunismo, falta de respeito, entre outras manifestações, daquilo que o ser humano tem de pior.
Al Hendrix, o pai, em 1970, logo depois da morte do filho, recebeu cerca de 20 mil dólares que Jimi carregava com ele quando foi achado morto e também alguns pertences de uso pessoal e algumas guitarras. Só depois de 75 começou a receber algum dinheiro sobre os direitos autorais da obra de Hendrix. Vários discos sem nenhum critério e controle foram lançados utilizando parte do grande acervo deixado, entre os quais "Midnight Lightning"e "Freedom". Ed Chaplin que foi o primeiro agente americano de Hendrix, recebía porcentagens sobre os três discos de Hendrix lançados com "The Jimi Hendrix Experience" e todos os lucros com o "Band of Gypsys" e, também lançou dezenas de LPs da época em que Jimi acompanhava o tal de Curtis Knight. Devido a obrigações contratuais, os últimos trabalhos de Hendrix com Billy Cox e Mitch Mitchell no Eletric Ladyland, como já foi citado anteriormente, que fariam parte de um álbum duplo com o nome "First Rays Of The New Rising Sun" ("Primeiros Raios de Um Novo Sol Nascente"), que marcaría uma nova fase na carreira de Jimi e banda, com a sua morte, foi mutilado em três, "The Cry Of Love", "Rainbow Bridge" e "War Heroes". Só em 1997, depois que a família de Hendrix ganhou na justiça o direito sobre a sua obra, esse trabalho foi lançado na integra, um CD com 17 músicas , com um encarte repleto de fotos e toda a história dessa verdadeira epopéia. É importante citar , também, as dezenas de discos piratas, a maioria gravações ao vivo de qualidade duvidosa.
A SAGA
Apesar dos abutres, a saga continua . Muitos perguntam o que Jimi Hendrix estaría fazendo hoje, caso estivesse vivo. Claro que só podemos especular a respeito. Talvez, trancado no Eletric Ladyland, hoje dirigido por seu pai, criando mais alguns clássicos. Ou então, garimpando novos talentos numa produtora/gravadora que viesse a fundar (a família dirige a "Hendrix Records"). A "Jimi Hendrix Eletric Guitar School", criada e dirigida também pela família, com certeza se sentiria honrada com a presença do mestre na sua direção, se é que se pode chegar a esse nível de especulação. Como única certeza, Jimi Hendrix faz muita falta. Num tempo de guitarristas quase sempre preocupados tão somente com técnica e velocidade, mesmo alguns que usam Hendrix como inspiração conforme já foi dito, a sensibilidade e o vigor musical do gênio parece que nunca mais serão igualados. Steve Morse (Deep Purple), Joe Satriani, Steve Vai, Jonhnny Winter,Tony Iommi (Black Sabbath), Martin Barre (Jethro Tull), Ritchie Blackmore, entre muitos outros, são grandes guitarristas com certeza.
Hendrix , porém, tinha como diferencial, uma espécie de magia, encantamento e uma alta capacidade de improviso que nenhum vídeo-aula é capaz de ensinar. No palco, um mago de esvoaçantes roupas coloridas , um ser híbrido fundido em sua Fender ,que alternava momentos de fúria e calmaria musical com domínio total sobre a audiência. Hendrix faz muita falta. Mas, como diz uma música do Iron Maiden, "only the good die Young" ("apenas os bons morrem jovens"). Que ele continue vivendo em nossos olhos, ouvidos, corações e mentes até o final dos tempos. (Niva dos Santos-28.05.00)
Links Interessantes:
Jimi Hendrix - Site Oficial
Jimi Hendrix na MCA Records
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