Saudações. Pode ser coincidência mas essa questão sobre "defender", "concordar" ou discordar" veio à mim recentemente, nestes dias cheios de "parada-disso", "passeata-daquilo", "marcha-daquilo-outro".
Voltaire escreveu que morreria pelo direito à opinião mesmo que essa tal opinião fosse contrária à sua própria maneira de ver o mundo. Acredito nele.
Durante muito tempo debrucei-me sobre o que achava ser certo e porque achava que era certo. Isso tornou-me o que sou, formou minhas opiniões e minhas convicções, rendeu-me argumentos, exemplos. Forjou meu caráter, enfim.
Diversas vezes tentei dissuadir - sempre na base da argumentação e do exemplo - opositores e antagonistas do campo das idéias a quem considerava estar fazendo um grande favor alertando-os do que eu julgava ser seus "erros", "distorções", "canalhices".
Idealismo? Talvez. Creio eu que o que define esse comportamento é a crença de mudar o mundo aliada aos hormônios naturais da juventude.
Hoje não faço mais isso. Tento aprender com posições contrárias às minhas, tento entender como elas são formuladas, de onde vêm e a que se destinam, tento extrair delas o máximo para que possa descartá-la em definitivo ou, se necessário,rever minhas próprias considerações.
Passado o tempo creio ter feito corretamente a minha parte. Adquiri conhecimento pra saber qual o meu papel na sociedade, o que esperam de mim e o que EU espero de mim. Formulei minha própria teoria sobre o sentido da vida baseada no princípio de ouro do "fazer ao próximo aquilo que gostaria que fizessem pra mim". Tentei compartilhar ao máximo o que aprendi com amigos e até desafetos - a quem, devo admitir, devo boa parte do meu aperfeiçoamento humano já que tive que andar sempre um passo à frente de onde pensavam que eu estaria. Porém, uma verdade se fez clara para mim: as mudanças começam de dentro pra fora e um povo preocupado em sobreviver não pode planejar seu futuro. Lição deveras antiga (já que dizem que as sociedades começaram quando os homens pré-históricos deixaram de ser nômades e se estabeleceram em cavernas) mas que passa-nos dispercebida em nossos dias atribulados em que uma carreira profissional, o acúmulo de bens e capital e a febre da autopromoção viraram nosso alimento, nossa água, nosso abrigo.
Fiz ou farei a diferença nesse mundo? Não sei. Acho que não.
Talvez tenha conseguido o mínimo do mínimo.
Talvez tenha conseguido apenas fazer com que algum debatedor, ao longo do meu caminho, tenha somente prestado atenção ao que eu disse e pensado a esse respeito.
Talvez ele até não tenha se convencido do que eu disse mas, por um breve momento, interagi com ele de uma das formas mais intensas e poderosas já experimentadas pelos homens: através das idéias.
Enfim, venci!
Sobre preconceito. Preconceito, pra mim, é julgar. Não sou juiz. Não acredito nos juízes muito menos em isenção. Não há melhor - nem maior - justiça do que a minstrada pela consciência, pela convicção de ter tentado fazer o certo, o melhor. A cada um cabe seu próprio julgamento.
Saudações.
ResponderExcluirPode ser coincidência mas essa questão sobre "defender", "concordar" ou discordar" veio à mim recentemente, nestes dias cheios de "parada-disso", "passeata-daquilo", "marcha-daquilo-outro".
Voltaire escreveu que morreria pelo direito à opinião mesmo que essa tal opinião fosse contrária à sua própria maneira de ver o mundo.
Acredito nele.
Durante muito tempo debrucei-me sobre o que achava ser certo e porque achava que era certo. Isso tornou-me o que sou, formou minhas opiniões e minhas convicções, rendeu-me argumentos, exemplos. Forjou meu caráter, enfim.
Diversas vezes tentei dissuadir - sempre na base da argumentação e do exemplo - opositores e antagonistas do campo das idéias a quem considerava estar fazendo um grande favor alertando-os do que eu julgava ser seus "erros", "distorções", "canalhices".
Idealismo? Talvez.
Creio eu que o que define esse comportamento é a crença de mudar o mundo aliada aos hormônios naturais da juventude.
Hoje não faço mais isso.
Tento aprender com posições contrárias às minhas, tento entender como elas são formuladas, de onde vêm e a que se destinam, tento extrair delas o máximo para que possa descartá-la em definitivo ou, se necessário,rever minhas próprias considerações.
Passado o tempo creio ter feito corretamente a minha parte. Adquiri conhecimento pra saber qual o meu papel na sociedade, o que esperam de mim e o que EU espero de mim. Formulei minha própria teoria sobre o sentido da vida baseada no princípio de ouro do "fazer ao próximo aquilo que gostaria que fizessem pra mim". Tentei compartilhar ao máximo o que aprendi com amigos e até desafetos - a quem, devo admitir, devo boa parte do meu aperfeiçoamento humano já que tive que andar sempre um passo à frente de onde pensavam que eu estaria.
Porém, uma verdade se fez clara para mim:
as mudanças começam de dentro pra fora e um povo preocupado em sobreviver não pode planejar seu futuro. Lição deveras antiga (já que dizem que as sociedades começaram quando os homens pré-históricos deixaram de ser nômades e se estabeleceram em cavernas) mas que passa-nos dispercebida em nossos dias atribulados em que uma carreira profissional, o acúmulo de bens e capital e a febre da autopromoção viraram nosso alimento, nossa água, nosso abrigo.
Fiz ou farei a diferença nesse mundo?
Não sei. Acho que não.
Talvez tenha conseguido o mínimo do mínimo.
Talvez tenha conseguido apenas fazer com que algum debatedor, ao longo do meu caminho, tenha somente prestado atenção ao que eu disse e pensado a esse respeito.
Talvez ele até não tenha se convencido do que eu disse mas, por um breve momento, interagi com ele de uma das formas mais intensas e poderosas já experimentadas pelos homens: através das idéias.
Enfim, venci!
Sobre preconceito.
Preconceito, pra mim, é julgar.
Não sou juiz.
Não acredito nos juízes muito menos em isenção.
Não há melhor - nem maior - justiça do que a minstrada pela consciência, pela convicção de ter tentado fazer o certo, o melhor.
A cada um cabe seu próprio julgamento.
Excelente postagem, como sempre.
Abraço.