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quinta-feira, 12 de março de 2009

OS DESAFIOS ÉTICOS DA GLOBALIZAÇÃO Prof. Paulão

OS DESAFIOS ÉTICOS DA GLOBALIZAÇÃO

O mundo globalizado é uma realidade que se apresenta sobre múltiplas facetas: a econômica, a social, a tecnológica etc. Nunca a humanidade experimentou tantas mudanças em tão pouco tempo e essas transformações afetaram diretamente as relações pessoas e gerando novos códigos de valores que muitas vezes entram em choque com o que é socialmente aceito, principalmente no que diz respeito à ÉTICA. Nunca um termo foi tão defendido teoricamente e praticamente desprezado no campo prático. Em tempos globalizados criou-se o mito da ÉTICA INDIVIDUAL, como se fosse possível, vivendo em sociedade, cada um estabelecer suas noções de justiça, respeito e convívio.
A ÉTICA nasceu na polis grega como a pergunta pelos critérios que tornassem possível o enfrentamento da vida com dignidade. Isso significa dizer que o ponto de partida da ÉTICA é a vida humana, a realidade humana e todas as suas variantes. Pare e pense no mundo atual e irá verificar que suas estruturas são totalmente antiéticas. Vivemos numa sociedade que permite a existência da fome e da miséria e que inventa uma solidariedade paliativa para nos dar conforto moral. É como varrer diariamente a sujeira para baixo do tapete: na aparência temos a limpeza, mas na essência a sujeira domina.
Esses valores dominantes são resultados do triunfo do capitalismo. Para Marx, essa forma de organização sócio-econômica conduz a uma ilusão objetiva das determinações sociais, que consiste precisamente no fato de a mercadoria, produto do trabalho humano, emergir, em virtude de sua função social, como que de vida própria
Passando a dominar seu criador. O capitalismo, portanto é uma sociedade invertida: os produtos do trabalho do homem submetem os homens a seus imperativos, isso significa que há uma materialização das relações sociais e, em última análise, uma personificação das coisas: as relações dos homens entre si adquirem a forma de uma relação social entre produtos do trabalho. E o que isso tem haver com a ÉTICA? A relação no meu ponto de vista é que ela surge como algo externo ao indivíduo e, portanto é resultado de uma ideologia que ao inverter os valores que marcam as relações sociais, também invertem os valores éticos, gerando relações desiguais que se justificam pelas oportunidades, pela igualdade jurídica, pelo ensino público etc. Cria-se a falsa idéia de que somos iguais e que as diferenças são resultados de nossas diferenças, o que é natural. Podemos acreditar nisso?
Essa ÉTICA predominante nega o ser humano que transformado em coisa passa a ser um número em nossa sociedade.
Portanto, os desafios éticos passam pela reconstrução dos sentidos e dos valores humanos e pela quebra dos alicerces que garantem o triunfo do ter sobre o ser.
O principal desafio é quebrar esse abismo que separa a minoria favorecida pelo capital e a esmagadora maioria esquecida pelo sistema. Como nos lembra o grande estudioso Manfredo Araújo de Oliveira: A ÉTICA EMERGE NESSE CONTEXTO COMO REFLEXÃO CRITICA DESTINADA A TEMATIZAR CRITÉRIOS QUE PERMITAM ESTABELCER MARCOS NOS QUAIS SE POSSA CONFIGURAR UMMUNDO EM QUE AS PESSOAS POSSAM VIVER COM A DIGNIDADE QUE AS CONSTIUI COMO SETES CHAMADOS À LIBERDADE.
Pensando nessa sábia colocação, términos esse artigo lembrando que não podemos perder de vista o grito desesperado em favor da vida. SER ÉTICO EM TEMPOS GLOBALIZADOS É LUTAR PELA VIDA DIGNA!

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