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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A HERANÇA DE PAULO FREIRE PARA O SISTEMA EDUCACIONAL


O LEGADO DE PAULO FREIRE
Prof. Paulo Cesar dos Santos Alves

Paulo Freire foi o maior educador brasileiro. Compreendeu que a teoria é inútil sem a prática. Afirmava categoricamente que “ninguém educa ninguém. Ninguém educa a si mesmo. As pessoas se educam entre si, mediatizadas pelo mundo”, sua educação era voltada para a transformação da realidade, assim, tinha como ponto de partida a idéia de que a educação tinha uma missão revolucionária no papel da superação da ordem instituída. Para ele isso só seria possível a partir de um diálogo com as massas, pois a educação transformadora deve estar ao lado dos oprimidos e dos pobres. Segundo Kolling (2001), na sua trajetória de educador, Paulo Freire deixou um legado muito importante e que pode ser resumido nos seguintes itens:
1o) uma profunda crença na pessoa humana e na sua capacidade de educar-se como sujeito da história;
2o) uma postura política firme e coerente com as causas do povo oprimido, temperada com a capacidade de sonhar e de ter esperanças, com a ousadia de fazer e de lutar pelo que se acredita;
3o) um jeito do povo se educar para transformar a realidade. Uma pedagogia que valoriza o saber do povo, ao mesmo tempo em que o desafia a saber sempre mais;
4o) uma preocupação especial com a superação do analfabetismo, e com uma pedagogia que alfabetize o povo para ler o mundo.
Sua maior contribuição para nós, educadores, é ter demonstrado que “não existe ensinar sem aprender” (FREIRE,1995,p.28), isto é, o educador deve compreender que quem ensina aprende, pois passa a conviver com realidades e contextos diferentes e para ter habilidades para ultrapassá-los deve estar sempre se reeducando. Freire ensinou que o educador deve ter humildade e não tratar o educando como um cofre vazio onde seria depositado conhecimentos e teorias distantes de sua realidade,para ele, ensinar não poderia ser um simples processo de transferência de conhecimento. Quando analisamos a atual proposta da UNESCO em centrar no aprendizado nos quatro pilares que tem por eixo o aprender a aprender, sentimos vivo o espírito de Paulo Freire.
Outro ponto importante de sua luta encontra-se na necessidade de se colocar em prática um ensino próximo da realidade do educando, em sua famosa Carta aos professores, alertava que devemos partir da realidade local para que o educando compreenda primeiro sua posição na História e a partir daí consiga maior significado. Isto não deve ser compreendido como abrir mão do conhecimento historicamente construído e trabalhar de modo simplório e sem qualidade, o que Freire desejava é que a linguagem popular e a acadêmica fossem respeitadas, que capacitando os desfavorecidos eles teriam condições de ampliar seu vocabulário e compreender melhor textos antes inacessíveis: “ninguém que lê, que estuda, tem o direito de abandonar a leitura de um texto como difícil porque não entendeu o que significa, por exemplo, a palavra epistemologia”. (FREIRE, 1995, p.31). Ele afirmava que os escritores podiam ser mais simples, mas não simplistas, dando aos leitores as coisas feitas e prontas.
Educar significava para Paulo Freire dar ao educando a capacidade de ler o mundo, e este é um trabalho de paciência e desafios. Para tanto, o educador deve ser um militante e estar preparado para sua função: “A responsabilidade ética, política e profissional do ensinante lhe coloca o dever de se preparar, de se capacitar, de se formar antes mesmo de iniciar sua atividade docente” (FREIRE,1995,p.26). Assim, há necessidade do educador estar em constante processo de formação. Aquele que forma tem que estar sempre buscando novas práticas e conhecimentos, e esta é uma das principais bandeiras daqueles que defendem um ensino de qualidade.
O educador não pode ser neutro: ou apóia a estrutura ou deseja sua transformação. Paulo Freire pertencia ao último grupo. Ele criou uma pedagogia voltada para o diálogo, que conscientiza sem violentar a consciência do outro. Fez de sua prática exemplos de superação do pedagogismo e da visão reprodutivista. Nos ensinou que temos que aprender com as experiências concretas. Seu projeto era claro: “FORMAR PARA TRANSFORMAR”. A Educação é um ato político.
Concluímos que Paulo Freire tinha um projeto educativo que era um projeto de humanização, que acreditava na capacidade do homem aprender e de se educar e que este processo não é algo isolado e sim fruto de uma empreitada coletiva, que ensinar não significa uma relação entre transmissores e depositários e muito menos uma forma de adestramento.
Paulo Freire : um educador para o povo. Este seu maior legado.

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